DMC ELITES V. 4 - GREEN FOREST
Drummond Money-Coutts, ou DMC como este mágico inglês é mais conhecido, criou para si uma imagem que prima pela elegância, em todos os sentidos. Vai ganhando com seu estilo próprio fama internacional, já tendo participado de documentários e séries produzidas para National Geographic e Netflix. Seguindo a prática de outros mágicos também passou a produzir marcas exclusivas de baralhos. Desde 2014 seus exemplares denominados Elites têm se caracterizado por seguirem a elegância requintada do seu criador.
Sua mais recente versão (V.4- Green Forest) segue a linha de sobriedade quase minimalista da série. Estojo verde predominante, em cartão de excelente qualidade, ilustrado em uma face com a logomarca DMC, característica dele, e na outra com um pequeno círculo envolvendo um losango, representativo do naipe de ouros, e talvez identificadora do baralho. Na parte inferior temos a discreta indicação da marca e sua versão, do fabricante e do designer Phillip Smith. Além do verde, que indica a denominação dada à versão (Green Forest), todas as letras e desenhos estão estampados em dourado. Nada mais - sóbrio, elegante e atrativo.
Figuras e cartas numerais seguem o padrão, já universal, usado pela United States Playing Card Co. - USPC, em suas marcas tradicionais, como Bicycle, Tally-Ho e Bee. Ás de espadas com desenho exclusivo, mas também sóbrio e comum, apenas estampando a marca DMC sobre o fundo negro do naipe de espadas. Tudo sem gerar suspeitas de espectadores que assistam apresentações utilizando este baralho. Para estes parece que se está usando um baralho normal, de produção diferenciada, mas sem nada que demonstre algo especial.
Talvez a única eventual suspeita recaia sobre os curingas. Retratam, ao invés das tradicionais figuras, uma imagem de perfil de DMC, nos moldes das que foram outrora produzidas por outro mágico famoso - Dai Vernon. Um dos curingas mostra na gola da camisa de DMC a indicação de um dois de copas, para ser usado em alguma revelação de carta escolhida ou alguma previsão feita pelo mágico. Sem dúvida pouco usuais, mas sempre possíveis de serem retirados do maço, se forem considerados anormais.
Apesar dessa imagem neutra e aparentemente inócua a olhos leigos o baralho encerra uma característica bem peculiar e útil para a execução de efeitos mágicos: seu dorso é marcado. De maneira sutil e elegante, na linha geral do baralho. Mas de maneira eficaz e muito bem planejada. O sistema foi desenvolvido por Phillip Smith, apresentado como magic designer, que mostrou seu sistema de marcação a DMC em 2013, que imediatamente se apaixonou pelo sistema.
O SISTEMA ÓTICO DE MARCAÇÃO (OPTICAL MARKING SYSTEM-OMS)
A concepção do sistema é baseada em uma série de "grãos" ou sementes que compõe o desenho do dorso do baralho. A um olhar desavisado parecem marcas homogêneas como as encontradas em baralhos de utilização comum em cassinos (como os da marca Bee). A homogeneidade do desenho é apenas quebrada pela figura de dois losangos circundados por um círculo nas partes centrais de cada uma das metades do dorso. Esta uma marca constante que caracteriza a série de baralhos.
No entanto, pequenas variações angulares desses grãos apresentam a indicação precisa de valor e naipe da carta com aquele dorso. O sistema permite a identificação da carta de forma bastante clara, mesmo se lido a distância e com relativa pouca luminosidade.
Dentre as várias técnicas de se marcar cartas, podemos distinguir, modernamente, dois métodos de identificação básicos, especialmente usados em baralhos marcados de fábrica. No primeiro são usados códigos que devem ser conhecidos, identificados e "traduzidos" para que se saiba qual o naipe e valor da carta correspondente. No segundo método o valor e o naipe são diretamente "escritos" no dorso, de forma sutil, mas suficientemente clara para ser identificada por quem conhece o sistema. Este último é o método usado pelo OMS, desenvolvido por Phillip Smith, para o baralho DMC.
Observa-se que a indicação dos naipes é feita a partir da primeira letra da designação de cada um em inglês. Assim, uma carta de espadas deve ser lida como S (Spades), ouros como D (Diamonds), paus como C (Clubs) e copas como H (Hearts).
Uma carta extra do baralho explica de forma gráfica como o sistema funciona, facilitando sua intelecção sem o inconveniente de explicações em determinada língua, nem sempre dominada por todos os usuários do baralho.
APRIMORAMENTOS
Nesta versão 4 da marca Elites várias melhorias ao modelo original foram feitas. Agora a marcação é apresentada nos quatro ângulos da carta; originalmente isto se verificava apenas em dois cantos. Além disso, as cartas foram redesenhadas para serem também assimétricas, podendo ser facilmente identificadas se forem colocadas em posição contrária às outras do maço, adicionando uma nova ferramenta muito útil nas aplicações mágicas do baralho. Embora já desenvolvido com grande qualidade, aprimorou-se as próprias características de marcação das cartas, tornando-o de mais fácil leitura e de menor possibilidade de detecção.
Testei pessoalmente a eficácia do sistema e comprovei com leigos, e até com mágicos, que a marcação é, realmente, muito bem concebida e disfarçada.
Um livreto vendido avulso, escrito por Phillip Smith apresenta, sem dar detalhes, as características gerais do OMS, e de baralhos marcados modernos. É designado como Passport to Marked Cards. Apresenta, ainda, vários números de mágica utilizando cartas marcadas. A edição segue o projeto gráfico do baralho, sendo comercializada separadamente.
OUTRAS CARACTERÍSTICAS DO ELITES V.4- GREEN FOREST
Após utilizar vários fabricantes para os baralhos que edita, DMC usou nesta versão a United States Playing Card Co. - USPC. Quase certamente usando a Web Press deste fabricante americano, seguiu o padrão de qualidade de seus melhores produtos.
O cartão usado segue a espessura e qualidade usada pela marca Bee, padrão cassino. É, portanto, ligeiramente mais espesso que os comumente usados pelas marcas Bicycle e Tally-Ho, o que dá status profissional ao exemplar.
O acabamento superficial é de excelente qualidade, embora não receba uma designação específica, característica comum em baralhos do tipo. Indicações como Linoid Finish, Air Cushion, e outras mais "esotéricas", são apenas denominações comerciais inócuas. O que interessa, realmente, é a qualidade do deslizamento, sem exageros, o que a marca atende plenamente. Como sempre neste item, é preciso que a avaliação seja feita após algum tempo de utilização do baralho. Mas parece que a qualidade se manterá mesmo em utilização intensa.
O corte segue o método tradicional, o que agrada àqueles que utilizam mais comumente embaralhamentos faro entre suas técnicas de apresentação.
Um ponto fraco do modelo é sua produção apenas em uma cor de dorso. Vários efeitos mágicos clássicos utilizam o contraste da cor dos dorsos e estojos, prejudicado aqui pela fabricação exclusiva em verde. Embora existam outras versões, com características similares a esta versão 4, e produzidas em outras cores, estas não estão mais em distribuição corrente.
CONCLUSÕES
Embora seguindo a linha de baralhos do tipo fancy, o DMC Elites V.4 é um produto que tem características que o tornam perfeitamente utilizável em apresentações para público leigo. Seu preço mais elevado pode afastar alguns, mas sua qualidade adiciona pontos à sua utilização.
Sua marcação sutil e eficaz acrescenta uma ferramenta útil ao exemplar.
Esperemos que o eventual sucesso do modelo estimule seus editores a manterem o produto vivo por muito tempo, possibilitando àqueles que o utilizem a constância de uma produção permanente, como se fosse um baralho comercial de linha.
Também seria interessante a produção em outra cor contrastante, aumentando suas possibilidades de utilização por agregar vários efeitos clássicos em que esta propriedade é usada.
Comparativamente a outros baralhos marcados encontrados no mercado, o DMC Elites V.4 se destaca em qualidade geral e, especialmente, por sua marcação característica, bem concebida e produzida.
Cláudio Décourt (Ruberdec) Julho de 2019
um dos melhores baralhos marcados, com certeza!